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Uma visão geral sobre a armazenagem das safras brasileiras

safras

O agronegócio respondeu por mais de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2017. O setor é um dos maiores impulsionadores da economia e envolve diversas questões de planejamento. Uma delas é a armazenagem da safra brasileira.

Após a colheita e antes do transporte, é fundamental que os produtos sejam armazenados corretamente. Isso garante um bom lucro e serve para melhorar a qualidade de maneira completa.

Ao mesmo tempo, há uma cadeia de etapas que precisa ser observada e que culmina no transporte e nas questões logísticas. Portanto, o assunto merece máxima atenção. A seguir, veja como é a armazenagem da safra brasileira e tenha uma visão geral do tema!

Quais os fatores que contribuíram para o aumento da safra brasileira?

Em 2017, a safra de grãos no Brasil bateu recorde. Em julho de 2017, a estimativa era de 242,1 milhões de toneladas, número que é 30% maior em relação ao ano anterior. Para 2018, os resultados não são tão diferentes: a previsão, em janeiro, é de mais de 220 milhões de toneladas.

Para justificar essa expansão abrupta na produção — a safra de 2014/2015 foi de menos de 200 milhões de toneladas, por exemplo —, há alguns fatores predominantes. A seguir, veja o que ajudou a ampliar a produção agrícola brasileira.

Clima

O maior responsável pela safra recorde de grãos no Brasil foi o clima. Em relação a 2015 e 2016, principalmente, o ano de 2017 foi mais chuvoso e com temperaturas amenas. Isso favoreceu produções diversas, desde grãos como soja e milho até os sensíveis, como o algodão.

Mesmo os meses quentes, como os de verão e primavera, tiveram bom volume de chuvas. A falta de fenômenos, como El Niño, também ajudou.

Com a terra mais fértil e longe da estiagem, a colheita foi muito produtiva. Isso ajudou a garantir o acúmulo das toneladas na colheita.

Aumento da área plantada

Na época do plantio da safra, o preço dos principais produtos agropecuários brasileiros, como soja e milho, estava em alta. Visando um investimento vantajoso, muitos produtores decidiram apostar e plantaram uma área maior.

Em parte, também se relacionou à colheita relativamente fraca do ano anterior em várias regiões. Com uma área de cultivo expandida, é natural que a safra esperada fosse ampliada.

Já que o clima e os outros fatores ajudaram intensamente, o resultado veio na forma da safra recorde.

Investimento em tecnologia

Durante muito tempo, vigorou a ideia de que o agronegócio é um setor pouco avançado ou desenvolvido. Foram décadas de trabalho estritamente manual, principalmente em relação aos pequenos produtores.

Com o avanço da tecnologia, é algo que tem mudado aos poucos. O número maior de soluções disponibilizadas diminui o preço de aquisição, por exemplo. Além disso, há alternativas que se encaixam em todos os bolsos, necessidades e plantações.

Na supersafra, o que se viu foi um aumento do investimento em tecnologia, indo desde máquinas mais novas até o melhoramento genético. Houve, ainda, o uso de fertilizantes e eliminadores de pragas com maior efetividade, o que ajudou na colheita.

Elevação da mão de obra

O ano de 2017 fechou com taxa de desemprego de 12,7%, o que corresponde a 12 milhões de desempregados. Em parte, deve-se à crise econômica que assolou todos os setores da economia desde o final de 2014.

Contudo, o campo se recuperou parcialmente. Pesquisas apontaram elevação de 0,92% do emprego no campo. Isso significa que houve mais contratações em diversas regiões agrícolas do país. Com a equipe maior, a capacidade de plantio e de colheita também foi elevada — o que faz sentido quando se observa uma área plantada superior ao normal.

Ampliação da oferta de crédito

Embora o clima tenha sido decisivo para os 240 milhões de toneladas de produção, os investimentos tiveram grande peso no setor. Foi graças às melhorias e ao aumento da robustez que a colheita ganhou uma chance extra de bater o recorde, como aconteceu.

Para que fosse possível, o crédito agrícola precisou ser elevado. Como, em 2017, a economia brasileira começou a dar sinais de recuperação, a oferta de crédito passou a subir gradualmente. A queda na taxa básica de juros da economia e as novas aberturas têm estimulado a questão.

No campo, é um aspecto especialmente intenso. De acordo com a Secretaria de Política Agrícola, o desembolso de crédito para o setor aumentou mais de 20% em 2017. Somente na metade daquele ano foram mais de R$ 8 bilhões concedidos.

Isso ajudou, principalmente, no momento de realizar a colheita, como na compra de maquinário atualizado.

O que houve com os processos de armazenagem nesse período?

Ao mesmo tempo em que a supersafra contribuiu para diminuir os preços dos alimentos e a inflação, aumentou a renda dos trabalhadores e fortaleceu o PIB, ela gerou algumas dificuldades. Do ponto de vista da infraestrutura, o país ainda carece de diversos elementos e, com isso, a elevação na produção trouxe alguns contratempos.

Um dos principais foi em relação à armazenagem da safra brasileira. O processo de colher e guardar os produtos agrícolas sofreu alguns impactos, e entre eles estão:

Falta de espaços de armazenamento

O principal problema exposto — e não causado — pela supersafra é a falta de espaço de armazenamento para a produção agrícola. Entre a falta de lugares para realizar o processo e aqueles que não têm a estrutura competente, ocorreu um déficit de 70 milhões de toneladas.

Embora várias culturas sejam colhidas em momentos diversos, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda que a disponibilidade seja de 120% da produção, ou seja, o Brasil precisaria ter capacidade para armazenar mais de 290 milhões de toneladas.

De certo modo, isso demonstra a incapacidade de realizar investimentos eficientes, já que o mercado agrícola tem impacto progressivo na economia.

Desperdício de material

Em muitos casos, os produtos colhidos não foram armazenados corretamente, já que a capacidade de armazenamento foi atingida em vários locais. Com o preço mais baixo, muitos produtores preferiram não vender logo de cara.

A combinação das duas questões levou a um desperdício intenso de material economicamente viável, ou seja, alimentos colhidos no tempo certo, adequados para a venda e para o consumo, e que poderiam resultar em maior lucro, foram jogados fora.

Essa é, potencialmente, a pior consequência do déficit de armazenamento. Diante da situação, há uma perda de potencial de crescimento.

Ruptura da cadeia logística

Para não amargar mais prejuízos, muito produtores precisaram abrir mão da armazenagem. Então, milhares de toneladas foram colhidas e seguiram imediatamente para o seu destino.

Embora pareça ser uma demonstração de eficiência, é na verdade uma ruptura da cadeia logística. Como ela é formada por diversos elos, eliminar a etapa de armazenagem da safra brasileira significa deixar de lado um ponto muito importante para o ciclo de produção, venda e exportação ou abastecimento interno.

Eventualmente, isso prejudicou o planejamento logístico e a otimização dos recursos, o que leva à perda de boas oportunidades.

Aumento de investimentos

Ao mesmo tempo, o déficit em um momento tão importante para a agricultura estimulou o início de alguns investimentos. Em junho de 2017, por exemplo, o governo anunciou uma oferta de mais de R$ 190 bilhões para a agricultura. Parte desse dinheiro tem o destino específico de ampliar a capacidade de armazenamento, de modo a diminuir o problema nas próximas safras.

É um trabalho lento e que exigirá algo além de uma abordagem emergencial. Contudo, o recorde da safra já ajudou a reduzir um pouco a falta de capacidade de armazenamento.

Busca de soluções alternativas

Por mais relevantes que sejam os investimentos nesse momento, eles são pensados em médio e longo prazo. Com isso, a supersafra também motivou a busca de soluções alternativas.

Diversas cooperativas no Paraná e no Mato Grosso, principalmente, passaram a usar sistemas de armazenamento temporários. Inspirados em outros países, como os Estados Unidos, eles oferecem uma solução que não é a ideal, mas que evita a perda de alimentos em grande quantidade.

Qual é a importância da armazenagem da safra brasileira?

Mas, afinal, por que o impacto no armazenamento é tão importante? Isso está ligado à relevância que o processo tem. Além de ser uma parte fundamental da cadeia produtiva, é determinante para o sucesso de uma safra. Colher não basta e o cuidado de armazenamento faz toda a diferença.

Portanto, é interessante compreender quais são os motivos que levam a tanta preocupação com o tema.

Proteção da produção

As diversas culturas produzidas pelo agronegócio sofrem com alguns fatores em comum, como a umidade, temperatura, incidência solar e os insetos e roedores. Em geral, basta que apenas um desses pontos não seja obedecido para que a produção ou parte dela perca a qualidade.

Além disso, a falta de armazenamento também gera prejuízos para a segurança. Se o lugar não é devidamente protegido, saques podem acontecer livremente. Todos esses pontos levam à perda da produção, que poderia ser inteiramente vendida.

Como visto, o déficit no armazenamento brasileiro gera, como uma das piores consequências, o desperdício de algumas toneladas da produção.

Facilidade logística

Outra questão já tratada é a existência da cadeia logística. Tudo começa na seleção de culturas e definição de área a ser plantada, seguindo até a execução do plantio. Na sequência, há a colheita, a armazenagem e o transporte.

Quando o armazenamento é feito corretamente, é possível planejar a logística de forma otimizada, de modo que os recursos sejam usados do melhor jeito. Também há uma aceleração no transporte e um descongestionamento, o que ajuda a diminuir os custos em geral.

Aumento dos lucros

A armazenagem da safra brasileira é determinante para garantir bons lucros para os produtores de todos os portes. Em primeiro lugar, a redução nos desperdícios evita que o dinheiro de plantio e colheita seja perdido.

Além disso, ter armazéns adequados contribui para aproveitar os melhores preços de venda. Logo após a safra, é comum que o valor de compra caia devido ao aumento da oferta. Com a estrutura adequada, é possível esperar a elevação da demanda e do preço, o que favorece os lucros.

Para completar, garantir a qualidade dos produtos contribui para a satisfação dos clientes e evita problemas que podem surgir até depois da compra.

Melhoria no gerenciamento

Em uma safra de 240 milhões de toneladas, é seguro dizer que muitos produtores precisaram reforçar a sua gestão. Com volume maior a ser administrado, é preciso contar com toda a praticidade disponível.

Se os elementos não são armazenados corretamente, há pressa em vender, além de grande dificuldade em garantir a integridade e a segurança. Se tudo estiver protegido, é mais simples dimensionar o que será exportado e o que abastecerá o mercado interno, quais serão as medidas tomadas, e assim por diante.

Graças a esse processo, portanto, os produtores conseguem ter maior visibilidade sobre a produção e tomar decisões melhores. Eventualmente, é algo que contribui para o sucesso das safras seguintes.

Abastecimento adequado

O mercado interno também é intensamente favorecido pela armazenagem. Isso porque, em geral, a exportação recebe prioridade devido aos ganhos ampliados. Se a produção não for armazenada em lugar adequado até ser distribuída internamente, provavelmente os produtos chegarão sem qualidade ou nem mesmo atingirão o destino.

Isso leva a uma falta na oferta e desabastecimento de grãos, frutas e legumes. Como resultado, o preço sobe e carrega junto a inflação, o que cria um ciclo microeconômico insatisfatório.

Se tudo for armazenado corretamente, aumentam as chances do mercado interno ser um dos grandes beneficiados.

Como funciona a armazenagem no Brasil?

Já que é uma etapa tão importante, é interessante saber como o processo funciona no país. A armazenagem da safra brasileira sofre os impactos do déficit e também expõe características demográficas.

Para entender melhor o tema, veja tudo o que é relevante sobre o funcionamento desse processo:

Disputa de culturas

Um dos aspectos mais importantes sobre a armazenagem da safra brasileira é a existência de uma disputa entre culturas. Nesse embate, o milho e a soja são os protagonistas, já que são grãos de grande expressão.

Basicamente, há uma produção intensa de diversas toneladas desses produtos, mas eles não podem ser misturados. Com isso, ambos disputam espaço nos armazéns e, eventualmente, um sai prejudicado.

Em áreas com grande apelo da soja, é comum que o milho precise ficar em espaços temporários até que a soja seja vendida ou utilizada na região. Dessa maneira, há uma perda de potencial a ser resolvida.

Armazenagem nas fazendas

Já que as terras produzem tantas toneladas, todos os anos, era de se esperar que boa parte da produção ficasse estocada nas fazendas. Contudo, os números mostram o contrário.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cerca de 15% da produção é estocada em silos e armazéns nas próprias fazendas. Estudos demonstram, inclusive, que o número pode ser ainda menor: 3,5% da produção, contra 30% a 60% da França e Argentina. O restante é armazenado em espaços públicos ou de maneira incorreta — a céu aberto, em sistemas temporários ou dentro dos caminhões que compõem a logística.

Novamente, é um indício que aponta para a necessidade de investimento em espaços desse tipo.

Distribuição heterogênea

A Região Centro-Oeste é a principal produtora da safra de grãos e responde por mais de 40% da produção.

Contudo, a distribuição de armazéns e silos não corresponde a esses números. Algumas áreas, como o norte do Mato Grosso, contêm grande quantidade de espaços, enquanto outras conseguem proteger apenas uma pequena parte da produção.

A disputa entre as culturas de grãos torna o problema ainda maior, já que o milho é igualmente forte na área. Com isso, distribuição pouco homogênea e proporcional gera dificuldades extras para o processo.

Armazenamento a granel

Também de acordo com a Conab, a distribuição da armazenagem tem maioria concentrada na versão a granel. Estima-se que, da capacidade de 104 milhões de toneladas de grãos, 75% seja a granel. Apenas 1/4 do total é voltado para os produtos ensacados.

Essa característica tem a ver com a praticidade, a diminuição dos custos e o aumento da capacidade. Com os grãos livres, é possível proteger uma quantidade ampla da colheita e lidar com tudo de maneira simples.

Crescimento incompatível

Em 2017, o PIB da agricultura teve uma expectativa de crescimento de 4%. Mesmo diante da crise econômica, o setor tem se desenvolvido até quando não há colheitas recorde.

Contudo, o sistema de armazenagem da safra brasileira não tem acompanhado o desenvolvimento. A taxa de armazenamento disponível tem se desenvolvido em ritmo menor, o que aumenta ainda mais o déficit.

Esse é um aspecto preocupante do funcionamento do processo, já que é necessário que a oferta de armazenamento cresça acima do setor.

Qual o papel da logística e do transporte na armazenagem?

Considerando que o volume de armazenagem da safra brasileira não é suficiente, é muito comum que a logística entre na conta. Em vez de servir exclusivamente como transporte, é frequente que ocorra a chamada armazenagem volante.

Como os tipos de cargas mais comuns percorrem as rodovias, os caminhões são, comumente, utilizados como forma de estocar o produto. É o que acontece, principalmente, quando a logística é acionada de maneira quase simultânea à colheita.

A situação é mais frequente do que parece e, desse jeito, o papel assumido pelo setor de logística no Brasil inclui os seguintes pontos:

Deslocamento da carga

Obviamente, o papel principal da logística e do transporte é garantir a movimentação dos elementos desejados. Contudo, na armazenagem isso passa a ser crítico. Como o espaço é limitado, especialmente nas fazendas de produção, a retirada dos produtos se torna indispensável para que a colheita continue, por exemplo.

Inclusive, muitos produtores estocam seus grãos às margens das rodovias principais, como em terrenos públicos desocupados. Tudo é feito para abrir espaço nas fazendas e facilitar a saída da produção até os portos ou pontos de abastecimento.

Proteção do produto

Diante da armazenagem volante, a logística também assume o papel de proteger o item que carrega. Não trata apenas da integridade física ou da manutenção de carga, mas da qualidade.

O problema é que caminhões de transporte dificilmente têm as condições adequadas de temperatura e umidade. Com isso, podem acontecer perdas já nesse processo, o que dificulta ainda mais a etapa.

Gerenciamento de atrasos

Como parte da armazenagem das safras brasileiras é feita de maneira móvel, é comum que as estradas fiquem sobrecarregadas. Na hora de embarcar nos portos, por exemplo, a cena com extensas filas de veículos é bastante frequente.

Tais pontos travam o deslocamento, e a logística também se torna fundamental para gerenciar esses atrasos. O uso de recursos como a otimização de rotas e a inteligência tecnológica contribui para que os efeitos sejam sentidos de maneira menos intensa.

Mesmo assim, há riscos para o produtor que não faz o armazenamento correto, já que a logística pode ficar travada por outros motivos.

Elevação da competitividade

Já que o transporte ganha um caráter tão crucial, é comum que ele também contribua para o ganho de competitividade — ou, no mínimo, trabalhe para evitar a perda de tal aspecto relevante.

Com uma logística eficiente e de qualidade, os produtos agrícolas são transportados de maneira funcional e tão rápida quanto possível. Isso diminui os riscos de deterioração e problemas, além de melhorar o cumprimento de contratos. Desse modo, uma boa contratação é capaz de tornar o processo de armazenamento menos problemático para os resultados.

Conclusão da cadeia de suprimentos

Quando a armazenagem da safra brasileira é feita adequadamente, há uma divisão de responsabilidades com a logística sobre o encerramento da cadeia. Contudo, quando o processo anterior não é executado como deveria, fica a cargo do transporte finalizar essa etapa.

É a partir do controle, do monitoramento e do uso de soluções adequadas que os produtos chegam ao seu destino da melhor maneira viável. Sem uma logística de qualidade, o problema de armazenamento se agrava e poderia até mesmo comprometer os resultados do setor.

Ao conhecer como é feita a armazenagem da safra brasileira, você notará que os caminhos da logística são cruciais. Com isso, é fundamental pensar no processo juntamente do transporte, de modo a obter bons resultados.

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