Transporte de grãos: veja a maneira correta que deve ser feito

| 09/01/2020 - 11:01
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O transporte de grãos tem processos bem específicos, desenhados para respeitar as particularidades desse tipo de carga, e alguns desafios a serem enfrentados para que se ganhe eficiência e qualidade no serviço prestado.

Elaboramos este artigo para explorar melhor o assunto, mostrando como funciona a lei, quais são as principais etapas desse tipo de transporte, os erros que devem ser evitados, entre outras coisas. Contamos com a ajuda de Fabio Cracasso (Gerente Nacional de Vendas) e Kauê Miglioranza (Head de Inteligência Estratégica e Marketing), da Cargo X, para dar detalhes sobre o tema.

Continue a leitura para ampliar seus conhecimentos sobre o assunto!

O que diz a lei sobre o transporte de grãos?

Fabio Cracasso explica que o transporte de grãos não tem uma legislação específica e tão complexa quanto o transporte de alimentos processados, o farmacêutico e de cargas perigosas, por exemplo.

"Isso significa que não é necessário obter uma licença da Anvisa para transportar grãos. O que se precisa observar são as exigências impostas, como o caso de ter que lonar o caminhão aberto para que não haja o problema da perda dos produtos", afirma o Gerente Nacional de Vendas.

Na grande parte dos casos focados em exportação, existe uma série de benefícios e cumprimentos fiscais que devem ser observados ao enviar os grãos para outros países. Porém, fora isso, não tem nada muito específico para o canal.

Quais são as etapas desse transporte?

De acordo com Fabio Cracasso, tudo se inicia com a parceria entre a Cargo X e as transportadoras que querem fazer o carregamento de grãos e fertilizantes do agronegócio. A maioria delas estão localizadas no centro-oeste do país, que é onde existe a maior concentração da safra.

"O que se oferece para elas é, principalmente, toda a parte de gestão operacional. Dessa forma, essas transportadoras ganham em produtividade, visto que toda a parte de custo de seguro e gerenciamento de risco da carga também vem da Cargo X, enquanto o parceiro fica com o core business dele", detalha.

Na prática, segundo o Gerente de Vendas, as transportadoras têm filiais espalhadas por locais estratégicos da região, onde recebem o caminhoneiro e enviam as informações para a Cargo X, a fim de realizar a emissão do conhecimento de transporte.

Depois disso, o caminhoneiro se desloca para um ponto de embarque, que geralmente fica dentro de uma fazenda. O lote é carregado e inicia-se o transporte até o destino combinado.

Vale destacar que é feito um rastreamento das cargas durante o transporte, o que torna o processo ainda mais confiável e permite que todos os envolvidos consigam acompanhar o status atualizado da entrega.

"Quando se trata de exportação, geralmente já existe uma carga de importação, que gera um retorno para que o caminhão não volte vazio — diminuindo a ociosidade e aumentando a eficiência (por meio da otimização dos custos operacionais)", finaliza o Gerente Nacional de Vendas.

Quais são as peculiaridades desse tipo de carga?

Em geral, a maior questão é a sazonalidade, já que, nas entressafras, o volume de carga cai consideravelmente. Contudo, é possível fazer um redirecionamento para que os veículos continuem atuando em outras operações, mantendo a vaga ativa e evitando a ociosidade.

Fabio Cracasso afirma que "isso é feito por meio da diversificação de commodities, o que significa que a operação não é feita apenas com soja e milho, mas também com café e outros produtos. O objetivo é evitar a dependência da safra, o que pode ser feito operando em outros mercados que não sejam o agro".

Quais são os principais desafios do transporte de grãos no Brasil?

Fabio Cracasso destaca que "um dos principais problemas é trabalhar em fila, ou seja, a comunicação entre os produtores, as indústrias e as exportadores é mínima, se não inexistente. A solução para isso talvez seja conseguir conectar embarcadores, produtores e exportadores, deixando o fluxo de informação mais simples e ágil".

Além disso, em muitos locais, como os principais polos — no centro-oeste e no sul —, ainda existem pontos físicos de recrutamento dos caminhoneiros em postos que pagam via comprovante ou diretamente em dinheiro para os motoristas. Isso mostra que é um mercado que ainda não tem muito investimento em tecnologia, o que promove muita possibilidade de automação.

Quais são os erros mais comuns?

Nos tópicos a seguir, listamos os erros mais comuns na logística de transporte de grãos.

Ociosidade do veículo no percurso de retorno

Fabio Cracasso explica que um deles é a falta de eficiência de ter a carga de retorno. "Por mais que, às vezes, a oferta seja muito tentadora de levar um lote grande de inox, por exemplo, se o motorista não conta com uma carga de retorno e vem de uma região distante, o custo para rodar com o caminhão vazio na volta fica elevado".

Em um mercado que tem uma margem extremamente apertada como o agro — em decorrência da grande quantidade de caminhões e transportadoras interessadas em fazer o transporte da carga —, existem grandes chances de ter prejuízo, em vez de ganhar um lucro satisfatório com a operação. Por isso, o fato de contar com uma estratégia de retorno de cargas é muito importante.

Falta de planejamento para lidar com a sazonalidade

Outro fato é saber trabalhar com as sazonalidades, porque existem alguns períodos do ano em que se pode contar com uma oferta e demanda muito altas. Então, se você dimensiona mal sua frota ou os parceiros autônomos, provavelmente você vai ficar com caminhão parado.

Falta de treinamento para os profissionais

A falta de capacitação dos motoristas também pode ser destacada. "Apesar de ser commoditie e ter um índice de roubo relativamente baixo, os profissionais precisam ser orientados em relação à distribuição de carga na carrega e na amarração correta para evitar desperdícios", ressalta Kauê Miglioranza, Head de Inteligência Estratégica e Marketing.

Portanto, investir em treinamentos e reciclagem é essencial para fazer um trabalho otimizado, ganhando eficiência e diminuindo os desperdícios para o produtor.

Falta de uma programação adequada para a coleta

"O último ponto também tem a ver com a programação de coleta. Isso é muito importante, porque se o transportador não avalia bem todo o tempo de trajeto (e isso inclui o tempo em que o caminhão vai ficar parado para carregar e descarregar), corre o risco de fazer um planejamento falho", é o que afirma Fabio Cracasso.

Na prática, pode acontecer de estimar o transporte de determinado peso, mas, no final das contas, levar menos que isso, uma vez que não se leva em consideração todo o tempo que vai gastar com a carga e a descarga do lote.

Como a tecnologia garante a segurança em todas as etapas?

"Aliado ao machine learning — que vai otimizar realmente a gestão de cargas, da oferta e da demanda —, a Cargo X também oferece o serviço de monitoramento e mapeamento das cargas", destaca Kauê Miglioranza.

Além disso, também tem a inteligência artificial, que anda lado a lado com o machine learning e pode promover diversos benefícios para as operações logísticas.

Isso viabiliza uma conversa com o embarcador em tempo real, para que ele possa entender o posicionamento das cargas (por meio da rastreabilidade), quando vai ser a coleta, quando vai ser feita a entrega. Essa previsibilidade é muito importante tanto para o produtor rural quanto para quem está recebendo essa carga em geral.

Mesmo com uma parceria que já trabalha com caminhoneiros autônomos ou frota própria, é feita uma análise de gestão de risco. De acordo com Kauê Miglioranza, por meio de diversos API's que funcionam conectados com as principais empresas de gerenciamento de risco, "é possível apontar o grau de confiabilidade do motorista na hora de transportar a carga".

Também existe a possibilidade de oferecer os comprovantes digitais. Nesse caso, sempre que uma viagem for concluída, é possível usá-los para confirmar a entrega, agilizando situações em que é necessário ter uma comprovação via documento.

Como você pode ver, o transporte de grãos — e a logística de produtos agrícolas como um todo — não é uma tarefa simples. Todavia, com bastante planejamento, parceiros de negócios confiáveis e o suporte da tecnologia, é possível alcançar resultados bem satisfatórios.

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Redação Cargo X
09/01/2020 - 11:01

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