Você sabe como é calculado o custo de transporte de cargas? É a partir da composição do custo que será formado o preço de venda. Portanto, no momento de escolher uma transportadora é fundamental analisar todos os aspectos que levaram à formação do preço.
Além de calcular os gastos com a manutenção do veículo, combustível, lubrificantes, pneus e salários, também é preciso levar em conta a qualidade dos serviços prestados e a agilidade do atendimento.
Neste post vamos falar sobre o cálculo do custo de transporte de cargas e a sua influência na composição do preço. O auditor tributário Joel José Santos, autor de diversos livros sobre finanças, afirma que a formação do preço de vendas é influenciada tanto pelos custos, como pelas condições de mercado.
Afinal, o cálculo do preço deve levar em consideração não só os anseios do mercado, mas também a qualidade e produtividade. Quem atua no segmento de logística também deve avaliar fatores como: abrangência, flexibilidade e uso da tecnologia, por exemplo. Continue a ler o post e saiba mais sobre o assunto.
Como é calculado o custo de transporte de cargas
O custo de transporte de cargas está baseado basicamente em: frete-peso, frete-valor e taxas complementares. O frete-peso está diretamente ligado aos custos operacionais diretos e indiretos, portanto inclui as despesas fixas e variáveis. Já o frete-valor compreende custos de gestão de riscos, como acidentes, roubos e eventuais avarias. Por fim, as taxas complementares incluem gastos como impostos, pedágios, ITR (Incremento ao Transporte Rodoviário), entre outras.
Resumidamente parece simples, mas é preciso analisar vários aspectos como: mercado, serviço, demanda e qualidade. Os diretores de logística estão frequentemente imersos em planilhas a fim de encontrar alternativas para reduzir o custo de transporte de cargas. Porém, nem sempre a melhor alternativa é focar apenas no preço do frete. Reunir elementos que favoreçam a negociação pode reduzir os custos logísticos e ao mesmo tempo garantir uma qualidade melhor.
Veja com mais detalhes algumas metodologias aplicadas para o cálculo em questão no Brasil — foram desenvolvidas por diferentes instituições para fornecer uma orientação às empresas transportadoras:
- Planilha GEIPOT: planilha desenvolvida pelo Grupo Executivo de Integração da Política de Transporte (órgão do governo federal) em 1999. Considera critérios que se restringem às despesas diretas (abrange como despesas indiretas somente os salários, ordenados da diretoria e outros custos).
- Planilha da COPPEAD: metodologia desenvolvida pelo Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade do Rio de Janeiro. Considera somente as despesas diretas (formadas basicamente pelos custos fixos e variáveis), sendo os custos indiretos associados à operação de transporte.
- Manual da NTC: planilha de cálculos elaborada pela NTC (Associação Nacional de Transporte de Carga) e pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica). Compõe-se de todos os índices das operações relacionadas ao transporte e dos índices de variação dos custos de coleta e de entrega de mercadorias (esse modelo é utilizado por muitas empresas e cooperativas de transporte de cargas brasileiras).
- Planilha da Cooperativa: planilha desenvolvida por uma cooperativa de transporte de carga, e que considera apenas as despesas diretas (alguns custos diretos, atendidos em outras metodologias, são dispensados na ferramenta, tornando-a bem simplificada).
- Planilha Guia do Transportador: planilha eletrônica que pode ser acessada por seus assinantes por meio do portal Guia do Transportador, e que aprecia apenas despesas diretas, simplificando o cálculo.
A terceirização dos serviços de transporte de cargas pode ser vantajosa para o embarcador na medida em que o deixa livre de encargos trabalhistas e custos com a manutenção do veículo. Naturalmente, apesar de esses valores entrarem na composição do frete, eles acabam sendo divididos entre os muitos clientes, ou seja, se diluem de modo que há economia para o cada embarcador que procura os serviços.
Aqueles são os custos básicos envolvidos no cálculo do transporte de cargas. Veremos agora, como esses custos influem na precificação dos serviços oferecidos pelas transportadoras.
Como é elaborado o preço de venda de serviços logísticos
O primeiro passo antes de formar um preço é traçar um diagnóstico do mercado, analisar a concorrência e identificar pontos fortes e fracos do seu negócio. Na logística também funciona assim, por isso é fundamental que os embarcadores tenham clareza sobre as diferenças entre as transportadoras.
O preço de um fornecedor que investe em tecnologia e qualificação dos profissionais não pode ser comparado com o de uma transportadora que oferece uma qualidade inferior. Por isso, é preciso entender os fatores que diminuem custos e aumentam os riscos no transporte.
Forme o preço somente após levantar todos os valores do custo de transportes
O recomendado é formar o preço somente após levantar todos os valores que compõem o custo de transporte de cargas. Entretanto, vale ressaltar que esses cálculos devem ser feitos regularmente, pois os custos podem ter uma grande variação. Paralelo a isso, é importante continuar acompanhando os serviços oferecidos e preços praticados pela concorrência. Essas informações permitirão uma avaliação mais clara e a melhor negociação com os fornecedores.
Conforme o cálculo do custo de transporte de cargas, pode-se aplicar algumas técnicas para formação do preço de venda: Método ABC (as atividades mais produtivas são decisivas na elaboração dos preços); Método de Custeio Variável (separação detalhada entre custos fixos e custos variáveis); Método da Análise da Concorrência (leva em conta acima de tudo os preços praticados no mercado).
Analise os custos fixos e variáveis
Custos fixos consistem naqueles que a transportadora tem de forma contínua, independentemente da produtividade. Já os custos variáveis variam conforme a carga e as rotas escolhidas. Por essa razão, algumas metodologias, como vimos, procuram embasar principalmente os custos variáveis, a fim de realizar uma precificação mais justa ou, no mínimo, mais equilibrada.
O embarcador deve considerar, portanto, que o tipo de sua carga, a distância do destino e o prazo de entrega podem ser decisivos na precificação fornecida pela transportadora.
Considere os novos serviços no mercado e recursos tecnológicos
Um serviço novo no mercado nacional é o da transportadora sem frota própria com tecnologia mais desenvolvida. Trata-se de um serviço cumprido via aplicativo, com tecnologia de ponta e plataforma de acesso para o cliente. Os recursos tecnológicos geram informações e mantêm comunicação com transportadoras locais e caminhoneiros autônomos.
O site da transportadora sem frota própria permite negociação direta e em tempo real entre os clientes e as empresas transportadoras e profissionais autônomos que estão cadastrados. Pelo fato de acionar o motorista que está mais próximo ao cliente, a tecnologia patrocina a agilidade nos serviços, mais flexibilidade e melhores preços.
Os serviços cadastrados na plataforma da transportadora são bem selecionados, já que os profissionais autônomos e as empresas passam por um levantamento de antecedentes criminais, acidentes, problemas com roubos de cargas. Além disso, os veículos devem respeitar um limite máximo de rodagem — 10 anos. O motorista poderá dedicar até 90% de seu tempo para atender as demandas da plataforma.
A transportadora sem frota própria tem as mesmas responsabilidades das outras condutoras afins, como o seguro da carga, o pagamento de tributos e demais obrigações. O cliente, de qualquer modo, deve assumir os riscos de contratar caminhoneiros autônomos, resolvendo com ele questões de documentação.
Essa solução logística se propõe a gerenciar a quantidade de veículos de carga em circulação no território nacional, sendo que existem mais de 300 mil caminhões além do que o país necessita. O excesso gera a ociosidade no mercado de frete: cerca de 40% de sua capacidade não é ocupada.
Desenvolva um melhor gerenciamento de ofertas e demandas
A precificação favorece o embarcador devido à metodologia exclusiva da transportadora sem frota própria, que usa banco de dados e telefonia móvel. A plataforma identifica a localização do motorista e cruza dados sobre cargas que tenham a mesma origem.
O gerenciamento de oferta e demanda permite uma economia de até 30% nos gastos com frete, evitando-se que veículos de transporte retornem vazios ao ponto de origem. Tanto na partida quanto no retorno, o espaço em cada caminhão poderá ser 100% aproveitado.
Uma transportadora sem frota pessoal oferece precificação dinâmica, identificando variações na oferta e rotas ociosas. Os rendimentos do motorista permitem que ele cubra gastos com pedágio e combustível, e a transportadora também tem lucros. O embarcador, por sua vez, goza de vantagens como: transporte seguro, com rastreamento em tempo real; atendimento a nível nacional; redução de custos e painel do embarcador na plataforma online (que permite mais transparência no serviço de transporte).
Embora as transportadoras sem frota própria já existam, uma transportadora com aplicativo específico se caracteriza por ter preços menores, devido ao fato de que procura evitar que o caminhão retorne sem carga para sua origem. Trata-se de um trabalho que beneficia todos os envolvidos no transporte de cargas.
A vantagem de aplicativos para a precificação é que eles oferecem um leque maior de opções para o embarcador, permitindo que o serviço contratado seja o ideal.
Como negociar o preço com as transportadoras
Entendido como é feito o cálculo do custo do transporte de cargas e a formação do preço, é hora de reunir informações para melhorar a negociação. Quanto maiores forem as exigências do embarcador e menor o prazo, maior será o preço. Por isso, é fundamental reunir dados sobre a periodicidade dos fretes, as rotas, o volume e peso da carga.
Quanto mais houver flexibilidade para o transporte, mais fácil fica a negociação. Outra ótima vantagem para os embarcadores que têm controle sobre seus processos logísticos é requerer melhores condições de pagamento.
Seguem algumas dicas valiosas para fazer uma boa negociação com as transportadoras:
Faça cotações
É preciso fazer cotações: antes de decidir pela primeira transportadora, convém fazer cotação em, no mínimo, três transportadoras; dessa maneira, é possível obter noção sobre preços diferenciados e ainda conseguir opções variadas de pagamento (as cotações permitem as contrapropostas do cliente, visando melhores vantagens e descontos).
Forneça informações precisas
O ideal é fornecer informações para que o contrato seja elaborado: para estipular o valor do frete, a transportadora precisa de dados, como: origem de expedição e coleta; quantidade de envio em um período determinado (dia/semana/mês); peso médio da carga; valor médio das notas fiscais; percentual de mercadorias com peso cubado superior ao peso real; dispersão (representatividade da unidade federativa, cidade ou código de endereçamento postal, CEP, no total dos pedidos) e outras coisas relevantes.
Opte por aquelas que ofereçam monitoramento e rastreamento
É importante escolher transportadoras que tragam serviços de monitoramento e rastreamento de cargas: atualmente, a maioria das empresas oferece esses serviços, mas sempre é bom confirmar; com o monitoramento, a carga passa por um acompanhamento constante desde a origem e até o destino, garantida assim mais segurança; o rastreamento permite que o cliente acompanhe online o trajeto de sua encomenda, os pontos de paradas, o dia em que será entregue, preparando-se assim para recebê-la.
Informe-se sobre a área de atuação da transportadora
Vale a pesa saber qual é a área de atuação da transportadora: é preciso saber o campo de abrangência das atividades de uma transportadora, pois elas podem não fazer entregas em determinadas regiões, estados ou cidades (muitas vezes, o cliente precisará contratar mais de uma transportadora para garantir a entrega da carga).
Negocie
A negociação é fundamental: o mundo dos negócios requer paciência e muita conversa; por exemplo, quando o volume da carga é maior, as chances de maiores descontos também aumentam; a transportadora e o cliente podem elaborar juntos uma tabela de frete que apresente valores decrescentes de acordo com o volume do transporte.
Procure os serviços de uma empresa intermediadora, ou transportadora sem frota própria que dispõe de tecnologia avançada (o acesso é fácil, a comunicação com os profissionais é feita de forma rápida e eficiente, sem a necessidade de enfrentar burocracias e enfocando suas principais necessidades).
A maior parte dos motoristas de caminhões (mais de 90%) se comunica pela internet. Sendo assim, os serviços digitais só servem para facilitar as negociações e favorecem o embarcador a conseguir os melhores preços, gerando uma economia que pode chegar até os 30%.
Não esqueça que o perfil da carga é determinante na hora de precificar valores. Por essa razão, o embarcador deve deixar bem claras as especificidades que envolvem a maior porcentagem das mercadorias e deixar esse fato em evidência quando for contratar uma transportadora.
Lembre também que a quantidade de informações fornecidas ajuda na melhor precificação para o embarcador. Se possível, envie uma tabela para a transportadora com seu histórico de pedidos completo, os valores correspondentes de notas, pesos e códigos de endereçamento postal. Munida dessas informações, a empresa terá bases para passar uma tabela de preços mais competitiva.
Quando a transportadora não dispõe de uma quantidade suficiente de informações, ela fica carente de meios para tomar uma decisão mais segura.
O resultado é que, para assegurar seus lucros, ela sempre tenderá a elaborar um contrato com uma margem de lucro mais alta, isto é, ela acaba cobrando um preço de frete mais elevado do que, realmente, deveria ser.
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